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Juiz dos EUA acredita que vazamento sobre aborto o tornou 'alvo de assassinato'
Um juiz conservador da Suprema Corte dos Estados Unidos afirmou, em uma entrevista publicada nesta sexta-feira (28), que o vazamento em 2022 de que o tribunal derrubaria a jurisprudência que garantia o direito ao aborto o transformou em um "alvo" potencial "de assassinato".
Samuel Alito foi o autor da sentença que enterrou as garantias federais para a interrupção voluntária de gestação ao deixar a decisão nas mãos dos estados.
Em uma entrevista ao Wall Street Journal, Alito disse que tem "uma ideia bastante precisa" de quem teria sido o responsável pelo vazamento, mas não revelou sua identidade.
Seis dos nove magistrados da Suprema Corte são conservadores desde que o ex-presidente republicano Donald Trump nomeou três juízes.
"Aqueles de nós que eram considerados a maioria, que aprovavam meu projeto de decisão, eram de fato alvos de assassinato", estimou Alito.
"Era racional que as pessoas acreditassem que poderiam impedir a decisão [...] matando um de nós", acrescentou.
Alito disse que não se sente "fisicamente em perigo", porque tem muita segurança e se locomove no que classifica de um "tanque" cercado por policiais.
Também falou sobre o vazamento da informação.
"Pessoalmente, tenho uma ideia bastante clara de quem foi o responsável, mas isso é diferente do nível de evidência necessária para apontar alguém", declarou Alito ao jornal. E acrescentou que considera o vazamento uma tentativa "para evitar que o rascunho" se convertesse em decisão judicial.
O vazamento "criou uma atmosfera de suspeita e desconfiança" na corte. "Este ano, acredito, estamos tentando voltar à normalidade tanto quanto for possível [...], mas foi prejudicial".
A revelação do rascunho de decisão, algo sem precedentes, foi feita em maio de 2022 pelo site Politico, e provocou um terremoto no país.
A sentença que revogou a decisão do caso Roe contra Wade, de 1973, foi tornada pública em 24 de junho de 2022.
Na entrevista ao Wall Street Journal, o magistrado afirmou que o episódio aumentou a intensidade das críticas ao colegiado de juízes.
"Estamos sendo criticados diariamente, e acho que de forma bastante injusta em muitos casos. E ninguém, praticamente ninguém, está nos defendendo", afirmou Alito.
D.Goldberg--CPN