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Inflação volta a subir em novembro nos EUA, a 2,4% em 12 meses
A inflação voltou a subir em novembro nos Estados Unidos para 2,4% em 12 meses, em comparação com os 2,3% em outubro, segundo o índice PCE publicado na quarta-feira pelo Departamento do Comércio, usado como referência pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para traçar sua política monetária.
No entanto, o índice mensal para novembro recuou para 0,1% frente ao 0,2% registrado nos dois meses anteriores.
O índice situou-se levemente abaixo das expectativas dos analistas, que esperavam uma inflação mensal estável, segundo o consenso obtido pelo site especializado Briefing.com.
O índice PCE evoluiu na mesma direção que outra medida da inflação, o índice IPC de preços ao consumidor, ao qual as pensões são indexadas, que também registrou alta em novembro para 2,7% em 12 meses frente aos 2,6% do mês anterior.
A inflação subjacente, que exclui os preços voláteis da energia e dos alimentos, se manteve estável em relação ao mês anterior, a 2,8% interanual.
De um mês a outro, no entanto, seu ritmo deu sinais de desaceleração, situando-se em 0,1% frente ao 0,3% registrado em outubro e setembro.
O índice de preços no atacado nos Estados Unidos subiu em novembro ao seu nível mais alto em quase dois anos, outro sinal da alta de preços na maior economia do planeta.
Os preços no atacado ou ao produtor, medidos pelo índice PPI, subiram 3% em 12 meses, frente aos 2,6% de outubro, um dado revisado para cima.
A renda das famílias americanas cresceu mais lentamente do que em outubro: 0,3% frente a 0,7%.
Os gastos familiares aumentaram levemente: 0,4% no mês frente a 0,3% em outubro.
Apesar deste contexto de repique da inflação, o Federal Reserve anunciou, na quarta-feira, uma nova redução de suas taxas básicas de juros em 0,25 ponto percentual, situando-as novamente na faixa entre 4,25% e 4,50%.
- Incerteza -
Não há unanimidade entre os analistas, que se questionam se este nova redução dos juros pelo Fed é oportuno em um contexto de repique da inflação, que estava em um trajetória animadora de declínio rumo à meta de 2% anual, buscada pelo banco central americano.
"A inflação diminuiu significativamente nos últimos anos, mas segue relativamente alta em relação aos nossos objetivos de longo prazo de 2%", admitiu o presidente do Fed, Jerome Powell.
o organismo se mostrou mais prudente e reduziu a perspectiva de cortes dos juros em 2025 de quatro para dois de 0,25 ponto percentual cada.
Powell ressaltou que o Fed está "significativamente perto" de encerrar seu ciclo de cortes, pois se aproxima da "taxa neutra", ou seja, o algarismo indiferente para a economia, que não é impulsionada, nem freada pelas taxas básicas de juros.
Neste contexto, o banco central espera que a meta de 2% de inflação só seja alcançada no fim de 2026.
O Fed conseguiu controlar a inflação graças a uma prolongada elevação das taxas de juros nos últimos dois anos, após o que começou a flexibilizar sua política monetária para impulsionar a demanda e sustentar o mercado de trabalho.
Juros altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e os investimentos, o que permite reduzir a pressão sobre os preços. Juros baixos geram o efeito contrário.
A decisão sobre a política monetária desta semana foi a última do Fed antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro.
O republicano propõe aplicar aumentos generalizados das tarifas alfandegárias e a deportação em massa de milhões de trabalhadores em situação irregular nos Estados Unidos.
Estes planos, combinados com o repique recente nos dados da inflação, geram temores entre os analistas. Muitos deles esperam que os juros altos sejam mantidos por mais tempo do que o esperado para conter o aumento dos preços.
O banco central americano revisou sensivelmente para cima sua previsão de inflação para o ano que vem, de 2,1% em setembro para 2,5%.
Trump já anunciou a adoção de tarifas alfandegárias de 25% contra os vizinhos, Canadá e México, o que poderia fazer subir os preços ao consumidor.
"Não temos ideia do que terá tarifas, proveniente de qual país e por quanto tempo. Não sabemos se haverá medidas retaliatórias. E não sabemos como será a transmissão para os preços ao consumidor", advertiu Powell na quarta-feira.
P.Kolisnyk--CPN