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Finlândia investiga navio procedente da Rússia por suposta sabotagem de cabo submarino
A Finlândia abriu, nesta quinta-feira (26), uma investigação sobre o suposto envolvimento de um navio petroleiro proveniente da Rússia em uma operação de sabotagem que, na véspera, danificou um cabo submarino de eletricidade que conecta o país com a Estônia.
A polícia finlandesa informou ter inspecionado o petroleiro "Eagle S", que navega sob a bandeira das Ilhas Cook e é suspeito de fazer parte de uma "frota fantasma" de navios que ajudam a Rússia a contornar as sanções ao seu setor petroleiro.
O navio transportava "gasolina sem chumbo carregada em um porto russo", detalhou Sami Rakshit, diretor-geral da alfândega finlandesa, em uma coletiva de imprensa.
A União Europeia (UE), que disse trabalhar em conjunto com as autoridades finlandesas na investigação, ameaçou adotar novas sanções contra os navios russos.
"Condenamos energicamente qualquer destruição deliberada das infraestruturas essenciais da Europa. O navio suspeito faz parte da frota fantasma russa, que ameaça a segurança e o meio ambiente, ao mesmo tempo em que financia o orçamento de guerra da Rússia. Proporemos novas medidas, inclusive sanções, contra esta frota", afirmaram a Comissão Europeia e a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, em declaração conjunta.
A Otan, à qual pertencem a Finlândia e a Estônia, propôs, por sua vez, "assistência" de Helsinque e Tallin.
"Vamos acompanhar de perto as investigações realizadas pela Estônia e a Finlândia e estamos preparados para proporcionar assistência", escreveu no X o secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, após uma reunião com o primeiro-ministro estoniano, Kristen Michal.
- "Sabotagem com agravante" -
A "frota fantasma" designa as embarcações que transportam petróleo e produtos derivados russos, sujeitos a embargo.
Vários incidentes similares ocorreram no Mar Báltico desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Em 25 de dezembro de 2024, por volta das 12h26 locais (7h26 de Brasília), o fluxo de corrente contínua EstLink 2, entre a Finlândia e a Estônia, foi desconectado.
Foi aberta uma investigação sobre o incidente, e a interrupção foi localizada no cabo nesta quinta pelos operadores finlandeses (Fingrid) e estonianos (Elering).
O fornecimento elétrico da Finlândia não foi afetado, de acordo com a Fingrid.
Rapidamente, as suspeitas se concentraram no "Eagle S", que navegava pelo mar Báltico em direção a Port Said, no Egito, e que havia partido do porto russo de São Petersburgo, conforme mostra o site de rastreamento de navios Marine Traffic.
A guarda costeira, assim como helicópteros das forças armadas finlandesas, foram enviadas ao local.
"Revistamos o barco, falamos com a tripulação e coletamos provas", anunciou Robin Lardot, do escritório nacional de investigações.
A polícia abriu uma investigação por "sabotagem com agravante", acrescentou.
- "Difícil acreditar em acidentes" -
As autoridades finlandesas suspeitam que uma âncora desse navio seja a causa da interrupção do funcionamento do cabo EstLink 2.
"Nosso patrulheiro constatou que as âncoras do cargueiro não estavam presentes. Portanto, havia uma razão para suspeitar que algo estranho estava acontecendo", explicou Markku Hassinen, da guarda de fronteira, em coletiva de imprensa.
Uma hipótese semelhante foi levantada em novembro de 2023, após danos causados a um gasoduto submarino entre Finlândia e Estônia. De acordo com a investigação da polícia finlandesa na época, a âncora do porta-contêineres "NewNew Polar Bear", que navegava sob a bandeira de Hong Kong, havia causado esses danos.
A perturbação do cabo de transmissão elétrica EstLink 2 é "muito grave", declarou o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, em uma coletiva de imprensa nesta quinta.
Rússia e Finlândia ainda não trocaram informações sobre o assunto.
No início da tarde, os ministros de Relações Exteriores de Finlândia e Estônia mantiveram uma conversa telefônica.
"Os danos causados às infraestruturas submarinas críticas se tornaram tão frequentes que é difícil acreditar que se trata de acidentes ou apenas de manobras marítimas inadequadas", afirmou o ministro de Relações Exteriores da Estônia, Margus Tsahkna, citado em um comunicado oficial.
Arrastar uma âncora sobre o fundo do mar dificilmente pode ser considerado um acidente, acrescentou.
Ch.Lefebvre--CPN