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Colômbia envia aviões aos EUA para transportar deportados após atrito com Trump
A Colômbia anunciou, nesta segunda-feira (27), a decolagem de dois aviões militares rumo aos Estados Unidos para transportar dezenas de colombianos deportados, após superar as tensões diplomáticas com o governo de Donald Trump.
Os aviões decolaram de Bogotá rumo às cidades americana de San Diego (Califórnia) e Houston (Texas), informou a Força Aeroespacial colombiana na rede X.
"Na madrugada, nossos compatriotas vão chegar a território colombiano. Serão trazidos por nossa aviação e vão chegar sem algemas", indicou o presidente Gustavo Petro.
No domingo, o governo de Trump voltou atrás em uma série de sanções que planejava impor à Colômbia após a recusa de Petro a permitir a entrada de voos militares com migrantes deportados.
Depois de horas de tensão, Bogotá aceitou os termos da política de Trump e encerrou uma disputa que subia de tom com o passar das horas. A preocupação do governo colombiano era o respeito à "dignidade" dos deportados.
"Esta disposição: dignidade para o deportado, será colocada a todos os países que nos enviem deportações, e é apoiada hoje pela ONU", insistiu nesta segunda o mandatário colombiano.
Trump, por sua vez, gabou-se de uma relativa vitória nesta segunda e garantiu que "os Estados Unidos são respeitados de novo".
"Como viram ontem, deixamos claro para todos os países que [...] vamos enviar os criminosos, os estrangeiros ilegais que vêm de seus países", assegurou o mandatário diante de congressistas republicanos em Miami.
"E vão aceitá-los de volta rapidamente. Se não o fizerem, vão pagar um preço econômico muito alto, e vamos implementar de imediato tarifas maciças e outras sanções", acrescentou.
- Entrevistas canceladas -
Tudo começou com uma mensagem de Petro no X na madrugada de domingo. Depois, as redes sociais se tornaram o campo de batalha entre os dois presidentes.
"Estivemos à beira de uma situação muito crítica", admitiu, em entrevista à Blu Radio, nesta segunda-feira, o embaixador da Colômbia em Washington, Daniel García-Peña.
Houve "momentos um tanto agudos dos dois lados, mas o canal de comunicação sempre esteve aberto", acrescentou.
O incidente foi o primeiro enfrentamento entre Petro e Trump, que tomou posse em 20 de janeiro prometendo uma política de linha-dura contra a migração irregular.
Em meio à disputa, Trump anunciou a adoção de tarifas alfandegárias sobre as importações vindas da Colômbia e a embaixada americana em Bogotá suspendeu a expedição de vistos.
Na manhã desta segunda-feira, dezenas de pessoas faziam fila do lado de fora da representação diplomática na capital colombiana para pedir informação sobre os pedidos de visto. Segundo o testemunho de alguns afetados, receberam um e-mail na véspera informando que suas entrevistas tinham sido canceladas.
"Desde ontem [domingo] que soube da notícia, minha vida mudou. Não sei o que fazer. Estou inquieta o tempo todo", disse à AFP Milena González, uma dona de casa de 53 anos.
Janet López, empreendedora colombiana de 56 anos, também aguardava uma resposta para poder visitar sua irmã nos Estados Unidos. "Estamos nisso há mais de três anos e o nosso desejo é ir passear, ir conhecer" o país, explicou.
Segundo o embaixador García, "assim que [os deportados] aterrissassem", as autoridades americanas "tomariam as medidas para resolver o assunto dos vistos".
- Deportações -
Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Colômbia e suas forças militares cooperam há décadas na luta contra guerrilhas e cartéis de drogas.
O governo brasileiro convocou nesta segunda o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos para pedir explicações sobre o tratamento "degradante" dado aos deportados que chegaram ao Brasil na sexta-feira.
Por sua vez, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, comemorou nesta segunda-feira o acordo alcançado entre Bogotá e Washington para que as tarifas não sejam aplicadas. "Nem tarifas nem outros mecanismos são bons", afirmou.
Na mesma linha, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, disse estar "feliz em ver que a Colômbia e os Estados Unidos" superaram "suas diferenças".
"A cooperação é sempre muito mais poderosa que o confronto", acrescentou o chanceler espanhol.
P.Petrenko--CPN