Coin Press - Ataque a faca que matou um e feriu cinco na Áustria foi ato 'islamista'

Ataque a faca que matou um e feriu cinco na Áustria foi ato 'islamista'
Ataque a faca que matou um e feriu cinco na Áustria foi ato 'islamista' / foto: Gerd Eggenberger - APA/AFP

Ataque a faca que matou um e feriu cinco na Áustria foi ato 'islamista'

O ataque com arma branca que matou um adolescente e deixou outros cinco feridos no sul da Áustria, no sábado, foi um ato "islamista", afirmou o ministro do Interior neste domingo (16).

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"É um ataque islamista que tem vínculos com o EI", declarou Gerhard Karner, em alusão ao grupo extremista Estado Islâmico durante uma coletiva de imprensa em Villach, cidade do sul da Áustria, onde ocorreu a agressão.

O suspeito, um solicitante de asilo sírio de 23 anos, se radicalizou por meio digital "em pouco tempo", acrescentou o ministro conservador desta localidade da região de Caríntia.

A polícia informou que ele foi detido logo após a agressão graças à reação de um entregador de comida, também sírio, que o atropelou com seu veículo ao ver o que estava ocorrendo.

O suspeito, que tinha permissão de residência válida e não possuía antecedentes criminais, gritou "Allah Akbar" [Deus é o maior, em árabe], segundo testemunhos coletados pelos investigadores.

Durante uma revista em seu domicílio, a polícia encontrou "provas claras de pensamento islamista radical", como bandeiras do EI penduradas na parede, declarou Michaela Kohlweiss, chefe de polícia de Caríntia. Não foram encontradas armas, nem "outros objetos perigosos".

O ataque ocorreu quase seis meses depois de a extrema direita conseguir uma vitória histórica nas legislativas de setembro.

O partido de extrema direita FPÖ, no entanto, fracassou esta semana em formar um governo de coalizão com os conservadores, devido a desavenças sobre a imigração e o direito ao asilo.

- "Tenho medo" -

Neste domingo, moradores de Villach depositaram velas e flores em frente à loja onde o adolescente de 14 anos morreu.

"Tenho medo por meus filhos. Temo pelos que me cercam. Temo pelo futuro. Temo aonde isto nos levará. Estou profundamente triste", disse Tanja Planinschek, moradora da cidade.

O país "deveria abrir os olhos e ver quem deixamos entrar, a quem ajudamos, a quem deixamos com todo tipo de liberdades. Se nada for feito, vai piorar", acrescentou.

O governador de Caríntia, o social-democrata Peter Kaiser, pediu as "mais duras consequências" por esta "atrocidade incrível".

O líder da extrema direita, Herbert Kickl, mostrou-se "horrorizado" com o ataque, que qualificou de "falha do sistema".

"Precisamos tomar medidas drásticas contra o asilo", afirmou.

O ministro Karner expressou, neste domingo, seu desejo de organizar "fiscalizações aleatórias maciças (...), dirigidas a grupos concretos, como os solicitantes de asilo (...) de origem síria ou afegã", sem dar mais detalhes.

A Áustria abriga quase 100.000 refugiados sírios. Mas com a queda do ex-presidente Bashar al Assad, na Síria, em dezembro, Viena suspendeu as solicitações de asilo dos refugiados deste país para reexaminar sua situação. Outros países europeus seguiram seus passos.

Também pôs fim à reunião familiar e enviou pelo menos 2.400 cartas revogando o estatuto de refugiado. O Ministério do Interior afirmou que está preparando "um programa coerente de repatriação e expulsão para a Síria".

- "Não pensei duas vezes" -

"Vi uma pessoa estendida no chão e um homem atacando outros pedestres, então não pensei duas vezes e o atropelei", declarou o entregador sírio que deteve o ataque, Alaaeddin Alhalabi, de 42 anos, citado pelo tabloide Krone.

O governador Kaiser lhe agradeceu pela atuação, reforçando que esta tragédia demonstra como "o mal, o terrorismo e o bem, o humanismo, coexistem estreitamente dentro de uma mesma nacionalidade" no país europeu.

A Áustria sofreu até agora apenas um atentando jihadista. Foi em 2020, quando um simpatizante do Estado Islâmico abriu fogo no centro de Viena, a capital, matando quatro pessoas.

A tragédia deste sábado ocorreu dois dias depois de um atropelamento coletivo na cidade de Munique, na Alemanha, no qual morreram uma menina de dois anos e a mãe dela. Outras 37 pessoas ficaram feridas.

H.Meyer--CPN