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Busca por sobreviventes de inundação em cidade argentina continua
Socorristas continuam nesta segunda-feira (10) a busca por sobreviventes da tempestade inédita que submergiu a cidade argentina de Bahía Blanca, assolada por chuvas ferozes que deixaram 16 mortos, uma centena de desaparecidos e perdas milionárias.
Quase mil vítimas continuam abrigadas em uma dúzia de centros de acolhimento, enquanto maquinário pesado remove os escombros em uma lenta reconstrução desta cidade costeira de 350 mil habitantes, 600 km ao sul da capital argentina.
Até agora, os legistas identificaram 15 dos 16 falecidos.
Clubes de futebol e outras entidades civis estão recolhendo doações em Buenos Aires para enviá-las em um trem solidário que parte nesta segunda-feira.
"A água desceu em todos os lugares", embora localidades vizinhas ainda estejam alagadas, disse à rádio AM750 o ministro de Segurança da província de Buenos Aires, Javier Alonso.
Entre os desaparecidos estão duas irmãs de 1 e 5 anos que foram arrastadas pela correnteza junto com sua mãe, sobrevivente da tragédia.
O corpo de um homem que tentou socorrê-las foi encontrado no domingo e é uma das vítimas já identificadas, segundo relatórios policiais citados pela imprensa local.
Alonso destacou que as meninas são as únicas pessoas "registradas como desaparecidas perante a promotoria". As autoridades acreditam que grande parte dos desaparecimentos são "resultado de pessoas desencontradas".
"Há 269 escolas e precisamos que reabram o mais rapidamente possível. Das primeiras 100 que avaliamos, 32 não tiveram danos, em 45 é necessário fazer limpeza e 23 têm danos graves e precisarão de obras. Tudo isso leva tempo", disse Alonso.
Há setores da cidade onde ainda "há um metro e meio de lama", descreveu.
Cerca de 200 bombeiros se juntaram às tarefas de limpeza e quase 800 policiais às de segurança, diante do temor de saques.
- Em choque -
Atarefados com o trabalho de voltar a colocar suas casas de pé, os moradores continuam em choque.
"Começou a chover perto das três e meia [de sexta-feira]. Foi terrível porque a água começou a vir, todas as ruas do centro estavam transbordando", relatou à AFP Guillermo Busteros, que mora a 3 km do canal Maldonado, cujo transbordamento piorou a tragédia.
Ainda "não há ônibus, não há bancos e se você precisa comprar, tem que pagar em dinheiro porque não há sistema (...) À noite, a polícia patrulha com helicópteros e refletores", disse Busteros, cujo bairro ainda está sem eletricidade.
Outra moradora, Pamela Pacheco, acha que "a cidade vai levar muito tempo para se recuperar". Em dezembro de 2023, um tornado deixou 13 mortos e danos milionários em infraestrutura.
"Já tivemos um temporal de vento, recentemente uma queda de granizo tremenda, agora com a inundação, sinceramente não há casa que resista, na periferia a maioria são pequenas casas, muito precárias", comentou.
- Solidariedade -
Organizações civis lançaram campanhas de doações para os afetados e o governo promoveu três dias de luto nacional pela tragédia.
"Temos três quartos repletos de bolsas com doações", contou à AFP Simón Oliak, diretor do clube de futebol Atlanta, na capital argentina.
Nos corredores estão acumuladas camas, colchões, mesas, cadeiras e "uma quantidade impressionante de garrafões" de água, acrescentou.
Desde domingo receberam doações sem parar. Elas são enviadas por sócios do clube, igrejas e escolas.
"Tomou uma magnitude que não era esperada, isso mostra que a solidariedade aqui continua de pé. Podem ter nos tirado muitas coisas, mas a solidariedade não podem nos tirar", disse Oliak, de 86 anos.
- Sem precedentes -
A Argentina recebeu, entre outros, condolências do papa Francisco, hospitalizado no Vaticano por pneumonia, que afirmou estar "próximo do sofrimento" das vítimas de Bahía Blanca.
A tempestade, a pior da história da cidade, causou danos de cerca de 400 milhões de dólares (2,3 bilhões de reais), segundo um balanço preliminar.
O governo nacional autorizou uma ajuda extraordinária de 10 bilhões de pesos (53,2 milhões de reais).
Nos bairros onde a água baixou, surgiu uma massa de escombros, móveis danificados e automóveis empilhados.
O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, qualificou o ocorrido como "uma catástrofe sem precedentes".
A.Agostinelli--CPN